. Gosto...
. E Nova York aqui tão pert...
. Fases...
- Bó Fá, sabes? eu gosto da Popota
- Todos os meninos gostam da Popóta, amor
- E também gosto da Shakira
A Xô Dona Luna dorme de dia. Ora se dorme de dia, as noites são dela.
E faz muitos disparates. Um simples papel que encontre é motivo de correrias loucas. Encontrões nas portas, derrapanços, etc.
A noite passada, nos seus acessos de atleta olimpica em salto com obstáculos, derrubou-me uma abóbora.
Como estava na marquise, local oposto aos quartos, não ouvi nada. De manhã lá estava a abóbora no chão, bem como a sua comida toda fora da taça.
Na hora de almoço comentei com o Rafa, que estes dias tem ficado lá em casa.
- Eu ouvi, disse-me.
- Ouviste nada, pois se estavas a dormir, como é que ouvias?
- dahhh, eu não durmo com os ouvidos fechados, ou achas que sim?
Uma noite quando fomos levar o lixo à rua, o Rafa atrasou-se e tive que lhe segurar a porta por mais tempo que o normal.
- Bó Fá, tu não me entales a mão, que eu sou teu filho (é?) não sou um "monstero".
-
... do Rafa
Agora quando faz algum disparate, e adivinha castiguito, desata a dar murros na própria testa.
Como na primeira vez desatei a rir (eu sei que foi um erro, mas foi impulsivo) e se livrou...
...de cuidar das minhas coisas.
Comprei há algum tempo uns óculos de sol (que me custaram os olhos da cara, diga-se) e dos quais gosto muito.
Com receio de os perder ou de que me fossem roubados (não vamos para a água de óculos de sol, não é?), comprei de propósito para a praia uns baratuchos, apelidados de "amálicos".
Na primeira vez que o Rafa me viu com eles estranhou. "Pareces uma rapariga normal com esses óculos" disse-me.
E sou o quê, anormal? perguntei. Não, és a minha Bó Fá.
Está tudo dito. Daqui a nada vou ter que andar de carrapito, óculos de tartaruga, saias pela barriga da perna, blusas com mangas e até ao pescoço, etc, etc...
Ai a minha vidinha...
- Rafael, vem cá lavar a cara que tens os olhos cheios de ramelas!
- Eu sei, os olhos são meus.
... e eu sem saber.
Ontem fui fazer a minha caminha semi-habitual, com um companheiro de jornada. O Rafa que ficou doentinho(?) e veio ficar esta semana com o tio, fez-me companhia.
Em vez de irmos para o circuito habitual, ontem, porque já era tarde, decidi andar ali por perto. Chegados a uma urbanização nova, prédios altos, com imensas luzes acesas, diz-me o Rafa:
- Olha Bó Fá, parece que chegámos a Nova York
-
O Rafa agora anda que não se pode. Quando algo lhe corre mal a primeira coisa que tiver à mão vai parar ao chão.
Se o contrariamos em algo, idem. Se pede e não é atendido, ibidem.
Espero que seja mesmo só uma fase, porque por enquanto tem o cuidado de não atirar coisas que se partam. Essas só as tomba.
Quando se fala de profissões, é um nunca mais acabar a conversa.
Ali eu era pilota. O rafa não concordava, porque não existiam "pilotas". O Ruben exemplificava: "A Bó Fá é pilota, nós somos os seus clientes"
"É isso mesmo", disse eu. "Quando chegarem não se esqueçam de ter o dinheiro à mão para pagar a viagem".
"Pode ser um beijinho?" perguntou o Ruben?
Ora se pode. Há lá melhor pagamento??!!!!
- Bó Fá, tás a ouvir este baruio?
- Estou pois.
- Queres ouvir ôta vez?
- Não
- Mas vais ouvir. Ora ouve lá.
-