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Terça-feira, 27 de Outubro de 2009

Sem titulo

Hoje vou abordar um assunto delicado e que tem a ver com uma situação vivida pessoalmente, ou quase.

Fui educada na Religião Católica, segundo as leis da Igreja Católica. Fiz todas as cerimónias que eram "normais" fazerem e fui catequista.

Devo dizer que naquela altura o catolicismo era menos rigido, era muito mais fácil fazer parte daquela comunidade, precisamente porque nada se pedia. Cada um dava o que podia, como podia, quando podia. E aqui dar, não é no sentido material da palavra.

Fazíamos, a pé, diariamente, alguns kms para ir à Missa, à catequese, com a maior alegria.

Na minha modesta opinião, penso que a Igreja católica se está a fechar. Se está a isolar num circulo onde só entra quem passar por um determinado número de provas.

Vem isto a propósito da cerimónia do Crisma do meu sobrinho e em que ele convidou o meu irmão para padrinho. Ele que já foi padrinho de baptismo... não pode ser agora padrinho do Crisma, apenas porque não foi crismado. 

Como explicação para a recusa, dizem que se trata de ter alguém que transmita os mesmo valores católicos. Tudo bem, mas e quando eles só estão presentes no dia e depois nunca mais se interessam? E pior, aqueles que "por fora bela viola e por dentro pão bolorento"?

Partimos de um principio que os padrinhos de batismo são escolhidos pelos pais. Eles, mais que ninguém sabem o que é melhor e quem é melhor para os seus filhos. Ninguém os ama mais do que eles.

Ser padrinho/madrinha é um acto de muita responsabilidade. 

Não seria preferível ter alguém que ajude no crescimento da criança como ser humano, com respeito por si e pelos demais? E se fizer isso não estará a transmitir-lhe os valores essencias do catolicismo, a fazer a vontade de Deus? Ou é uma declaração que diz que fulano ou cicrano é baptizado, crismado, etc. e depois como ser humano não vale nada?

É nestas pequenas coisas que eu acho que a Igreja Católica vive de aparencias. Deixa de lado o que é importante e valoriza o acessório.

 

O crisma do Diogo foi este fim de semana. E sei o quanto o meu irmão ficou triste e desiludido por não lhe ter sido permitido estar, mais uma vez como tem estado sempre desde que o Diogo nasceu, ao lado dele.

No mesmo dia, enquanto a um cristão foi recusado estar presente, colocar a mão no ombro do seu afilhado num dia especial, um padre, desta mesma Igreja Católica, foi preso por, alegadamente, fazer parte de uma quadrilha de tráfico de armas.

Afinal em que é que ficamos??

 

 

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publicado por Fá às 09:46

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12 comentários:
De Antes assim... a 27 de Outubro de 2009 às 12:20
Lamento ter de concordar contigo... e só lamento porque não deveria de ser assim!! Pior é saber que depois tudo depende da mentalidade mais aberta ou não do pároco da freguesia, e há muitos que se "aproveitam" do seu pequeno poder e acabam por ser quem mais se afasta dos princípios fundamentais do catolicismo... pelo menos, daqueles que aprendi há muitos anos atrás. Para teres mais um exemplo, eu própria, há 30 anos atrás não fui baptizada na minha freguesia porque o padre só baptizava nos primeiros Domingos de cada mês... o meu filho para ser baptizado a um Sábado à tarde contou com a colaboração do novo padre aqui da vila, que por tanto andar ao sabor da corrente foi difícil de convencer a que não tivesse que ser ao Domingo, pois queiramos uma cerimónia mais privada. Como abriu uma excepção, diz que já se arrependeu, porque agora todos querem fazer o mesmo... e daí?? Afinal o que é que conta mais?? Sei bem o que o teu irmão deve ter sentido, porque eu como madrinha do meu afilhado mais velho tenho acompanhado todo o seu percurso católico, o que tem sido intenso porque ele é escuteiro e há sempre imensas cerimónias. Mas é com orgulho que o acompanho, e ao mesmo tempo com pesar, por ver tantos outros com pessoas "arranjadas á hora" porque os verdadeiros padrinhos não são crismados!! Os padrinhos do meu filho foram escolhidos exactamente pelas razões que enumeraste serem essenciais para se ser padrinho/madrinha de alguém. Não sei se o meu filho será ou não católico, e apesar de ambos os padrinhos o serem e praticantes, também não vejo nenhum deles a impô-lo ao meu filho, tenho a certeza de que como simples seres humanos têm muito mais para lhe transmitir, e fazer dele uma boa pessoa!!
Desculpa o testamento, mas é também um assunto que me deixa assim um bocadinho empolada...
Beijinhos


De a 27 de Outubro de 2009 às 12:52
Obrigada pelo teu comentário. Quando nós pais escolhemos os padrinhos dos nossos filhos, temos que ter a certeza que, se for preciso, eles nos substituem. De todas as formas. Quer material, quer espiritualmente. De facto, e salvando algumas honrosas excepções, os párocos servem-se da sua "posição" e transformam-se no "quero, posso e mando".
Há uns anos atrás tive conhecimento de um caso em que um padre recusou baptizar uma criança porque os pais não eram casados. Claro que a criança acabou por ser baptizada e os pais continuaram "solteiros". É só um exemplo a juntar a tantos outros e que leva a que cada vez menos pessoas vivam o catolicismo.
Eu, francamente, fiquei tão desiludida e ao mesmo tempo irritada, porque sei que o catolicismo não é isto.
Beijinhos grandes


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